quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como um ídolo da Jovem Guarda deixou a depressão

Muitas pessoas, por resistência ou ignorância, não acreditam que a depressão é um doença que pode até levar à morte. E conselhos e posturas equivocadas podem fazer muito mal a quem está deprimido, levando até mesmo ao suicídio.
O assunto ainda é um grande tabu, mas os especialistas alertam que muitas vezes quem tem depressão grave, não diagnosticada e não tratada, pode querer tirar a própria vida.
Foi o que pensou em fazer uma dona de casa e o ídolo da Jovem Guarda Wanderlei Cardoso. Essas são histórias que são contadas na quarta reportagem da série especial de reportagens "Depressão" no Jornal da EPTV desta quinta-feira (31)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

As diversas facetas do apresentador, músico, dono de casa e galã Ronnie Von

Se fosse um carro, Ronnie Von seria um Cadillac rabo de peixe.

— Estou ficando um clássico — constata o artista, recém-chegado aos 66, dezena da famosa highway americana, tema de tantas canções.

A metáfora automobilística é dele mesmo, um notório apaixonado por máquinas voadoras. Na juventude, Ronaldo Lindenberg von Schilgem Cintra Nogueira chegou a ser aviador, formado pela escola preparatória de cadetes de Barbacena. Ao longo dos anos, acumulou mais de 4 mil horas de voo. Hoje, pilota o Todo seu, programa de variedades que vai ao ar de segunda a quinta-feira na TV Gazeta paulista, sem retransmissão em Brasília. E, eventualmente, um fogão.

Além do nome extenso, Ronnie tem outros atributos de realeza. Nascido em berço abastado, com pai diplomata, foi um espectador privilegiado da revolução pop (e proletária) capitaneada pelos Beatles. Filiou-se à invasão britânica quando fez uma singela versão em português para Girl, do Fab Four. O compacto de Meu bem teria vendido mais de 10 milhões de cópias, cifra digna de um rei do iê-iê-iê. Foi nessa época que recebeu o apelido de Príncipe, bolado por Hebe Camargo, que o achava romântico como o personagem de Saint-Exupéry. A brincadeira culminou na criação, em 1966, do Pequeno mundo de Ronnie Von, programa musical da TV Record que acabava batendo de frente com o Jovem Guarda, apresentado por Roberto Carlos na mesma emissora.

O sucesso como cantor o desviou da faculdade de economia, das amizades grã-finas no Rio de Janeiro e, por fim, da órbita familiar. Viveu como estrela do rock até sofrer o amargo revés de ver seus discos mais ambiciosos defenestrados por público e crítica. Ronnie teve de engatar a ré, inclusive na esfera privada. Com a coragem de quem pavimenta o próprio destino, assumiu a persona de mãe, ficando com a guarda dos filhos do primeiro casamento. Tornou-se dono de casa, amante da botânica, conhecedor de moda, enólogo, gourmet, publicitário. A constante metamorfose e a curiosidade inesgotável chancelaram seu trânsito macio e feérico pela estrada da vida. Nada mais justo, portanto, do que o deixar se definir. Com a palavra, Ronnie.

Vaidade moderada

“Eu sofri um preconceito às avessas. Aquela coisa de rostinho bonito. A ponto de eu querer negar, de deixar a barba, de deixar o cabelo crescer, para ver se desviava a atenção. Agora, eu sou mesmo uma pessoa meio passada a ferro, meio engomada. Andaram me chamando de metrossexual. Mas eu não faço nada de anormal, não uso creminho, essas coisas. Mas a minha roupa tem que estar impecável. Meus ternos são impecavelmente cortados. Eu gosto de estar arrumado. Isso é uma coisa minha, pessoal. Mas é só isso. Não tenho vaidade maior. Eu só quero estar bem arrumado para entrar na casa das pessoas direito.”

Mãe de gravata

Após o término do primeiro casamento, Ronnie acumula as funções de pai e mãe e acaba se saindo bem, apesar do preconceito sofrido. A experiência é relatada em detalhes no livro Mãe de gravata, publicado em 1994.

“Eu tenho uma visão feminina que me foi imposta pela própria vida. Tive uma separação dramática e fiquei com um menino e uma menina em casa. Eu tinha bastante gente para me ajudar — governanta, empregada —, mas fui aprender a lavar, a cozinhar. Acho que o homem pode ser tão boa mãe quanto qualquer mulher. Eu não posso, por um problema de biologia, gerar um filho. Mas até amamentar eu posso, porque faço uma mamadeira irresistível. Aí comecei a me envolver com isso e a gostar.”

Anarquia em plena ditadura

Em 1968, às vésperas do AI-5, Ronnie lança o disco mais radical de sua fase psicodélica. Entre as faixas, uma se destacava pelo conteúdo provocador. Anarquia passou batida pela censura com palavras de ordem do tipo: “Amanhã vamos pra rua fazer uma tremenda anarquia/ Pintar as ruas de alegria, porque quem manda hoje somos nós, mais ninguém”.

“Quando isso foi mandado para a censura, eu estava na Polygram. Era a gravadora do Chico Burque, do Caetano, do Gil, então eles já tinham o caminho das pedras, sabiam como liberar. Muitas vezes, o marketing soltava na mídia que alguns discos estavam censurados, quando nem sequer haviam passado pelo crivo daqueles senhores de pouca inteligência. Aí, quando era ‘liberado’, era um boom de compradores. Anarquia diziam que não passava nem com reza brava. Passou. Eles explicaram de alguma maneira. Mas umas três ou quatro músicas tinham dado problema. O jingle (do Bar Íris, um boteco que existiu de verdade, na Rua Augusta) eles achavam que tinha alguma coisa escondida, subliminar. Mas eu já tive disco lançado e recolhido, proibido de tocar. Chegava na rádio todo riscado. Eu nunca pensei que pudesse acontecer. A minha visão, inclusive, era outra, não era política. Mas, se você tinha nível universitário, estava automaticamente sob suspeita.”

Rock’n’roll psicodélico e surrealista

Fascinado pelas músicas orquestrais e lisérgicas gravadas pelos Beatles em 1967, no álbum Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, Ronnie tenta um arriscado voo artístico. Abandona o romantismo rasgado e pueril e lança uma tríade de LPs malditos, hoje considerados clássicos.

Um deles tinha o bizarro nome de A misteriosa luta do reino do parassempre contra o império do nunca mais. Todos redundaram em fracasso comercial.

“Na época, quebravam os discos na rádio, diziam que eu era um moleque. Mas eu os fiz consciente daquilo que estava fazendo. Até então eu só tinha gravado o que o pessoal da gravadora achava que era certo, por ignorância musical, comercial no caso. (A má acolhida desses trabalhos) fez com que eu me deixasse levar por um lado que eu acho discutível. Foram altos e baixos o tempo inteiro. Uma carreira que não foi linear. Eu tenho hoje algumas cicatrizes com relação a isso. E esse disco (o de 1968) foi a minha vingança. Porque, 40 anos depois, ele estoura com muito mais densidade psicológica. É o avesso do avesso, uma mistura de René Magritte com Salvador Dalí em forma de música. Um surrealismo completo. Eu adorava psicodelia.”

Sensibilidade masculina

“Queriam operar de qualquer maneira minha filha, que tinha ovário policístico. Eu acabei fazendo um curso de paramedicina só para mulheres. Um monte de mulheres com barrigão e eu lá: homem, cabeludo, artista. Como convivo com o corpo de homem, sei mais ou menos. Mas, de mulher, eu sei tudo. Minha filha hoje tem filho, meu neto, que foi concebido da maneira mais normal do mundo. Na medida em que você chega e assume: “Eu gosto sim, conheço qualquer ponto de bordado”. As pessoas botam o pé atrás. Acham que você é um cara extravagante. Não sei em que almanaque está escrito isso. Eu tornei isso público. Hoje, a mulher é 48% provedora. Se o homem não souber dividir papéis, vai ser socialmente um zero. A coisa da delicadeza eu acho fundamental no homem. Ser gentil. Afinal, nós somos animais gregários, interdependentes.”

Amor incondicional aos filhos

Ronnie é pai de Alessandra, 39 anos, e Ronaldo, 38, ambos frutos do primeiro casamento, com Aretusa. Da união com Cristina, com quem está há 25 anos, nasceu o temporão Leonardo, 23. Já tem três netos: Stefano, Enzo e Georgia.

“Tá no Bhagavad Gita (texto hindu que abriga parte dos ensinamentos de Krishna). O homem, inconscientemente, não admite a mortalidade. Embora, conscientemente, a única certeza que tem é que vai morrer. O filho é a perpetuação da vida da pessoa. Você passa a viver na vida do seu filho. É uma transferência. Isso faz com que você não o crie para você, mas para a sociedade. Essa é, mais ou menos, a filosofia que tenho. Eu quero para eles o melhor sempre. Mas nunca com sentimento egoísta. Aquela pieguice de vovô eu não tenho, esse negócio de deixar os caras demolirem a casa. Mas é perpetuação ao quadrado.”

Sucesso na internet

O Orkut abriga atualmente 46 comunidades dedicadas ao ídolo, a
maior delas com 3 mil membros. Quase todas, apologéticas e carinhosas, como: O evangelho segundo Ronnie; Ronnie, o emo precursor; e Ronnie também é cultura. O apresentador protagoniza uma das recentes febres do YouTube, com mais de 200 mil
exibições. Trata-se de um trecho do programa Todo seu no qual Ronnie faz o papel de conselheiro sentimental de um jovem sexualmente confuso.

“Eu tenho um programa de duas horas de duração que eu acho que deveria ter quatro. Toda hora, a produção fica subindo uma plaquinha dizendo ‘Pelo amor de Deus’, com exclamações. Naquele dia, o programa estava estouradíssimo e estávamos no meio de um aconselhamento psicológico. O rapaz dizia: ‘Eu fui numa festa e, desde então, só penso em fulano, sonho com fulano. Isso significa que sou homossexual?’ ‘Significa’, respondi. E parti para outra. Daqui a pouco me ligam: ‘Você está no top 5 da internet”. Agora eu passo nas ruas e as pessoas perguntam: ‘Significa?’”

Cama, mesa e banho

“Em São Paulo, é homem de um lado e mulher do outro. De repente, vem aquela história: tal juiz é ladrão, a capa da Playboy é linda. Aí eu interrompo: ‘Olha, vou mostrar uma toalha de mesa que é um arraso’. Os caras ficavam me olhando torto. Era um preconceito monumental. Foi aí que resolvi me bandear mesmo para o lado das mulheres. O que esses caras podiam me oferecer? Negócios, política, futebol? Eu precisava de outros subsídios. No começo, foi difícil tomar parte na tribo, até porque sou macho e representava um perigo eventual aos maridos e namorados. Comecei a gostar de decoração, de ter casa arrumada, de cama mesa e banho, de renda, de bordado, de moda feminina. Meu maior sucesso comercial é uma linha de cama e banho. E é escolhido por mim — número de fios, padronagem, desenho, estampa, tudo. É um sucesso porque é de verdade, porque eu gosto.”

sábado, 31 de julho de 2010

Clássicos da Jovem Guarda e do rock internacional hoje na Quituart

Hoje, os brasilienses que curtem os calhambeques e brotos da Jovem Guarda, além dos clássicos do rock internacional dos anos 1960 e 1970, poderão se esbaldar com o show do grupo Radicais Livres (foto), às 22h, na Quituart, a cooperativa dos artesãos moradores do Lago Norte, que une quitutes e arte no mesmo local (QI 9). A banda promete mostrar um retrato musical dessas décadas, que, como os próprios músicos gostam de adjetivar, ferveram musical e culturalmente.

Criado em Brasília há cinco anos, o conjunto é composto unicamente por cinquentões e sessentões que vivenciaram esse período que gerou Elvis Presley, The Beatles e Rolling Stones. Além dos integrantes originários, Eloi Santos (bateria e vocais), Nilo Louly (sax e teclado), Euler Veloso (guitarra e vocais) e Márcia Lanza e Tereza Bastos (vocais), o show terá participação de Wladimir Barros (baixo e vocais). Couvert: R$ 7. Informações: 3368-7139. Não recomendado para menores de 14 anos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nilton César

Quando pensamos na música brasileira dos anos 70 os primeiros nomes que vem a nossa cabeça são Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil. Isso era pra quem estudava em universidade ou intelectual. Pra quem era das classes populares, o lance era ouvir cantores como Paulo Sérgio, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, Barros de Alencar e mesmo Nilton César.

Nascido em Ituiutaba- MG (mesma terra do grande Moacyr Franco), Nílton César iniciou sua carreira nos anos 60, cantando guarânias e boleros pela gravadora Continental. Sem grande retorno, mudou de repertório para participar do programa Jovem Guarda com músicas como “Professor Apaixonado”.

Porém, foi com após o fim do movimento que conseguiu emplacar seus grandes sucessos como: “Férias Na Índia” (1968), “A Namorada Que Sonhei (1969, até hoje seu maior êxito), “Canção do Motorista” (1971) e “Amor...Amor...Amor...” (1973). Sempre produzido e com composições do mestre Osmar Navarro, Nilton César foi um dos maiores vendedores de discos da RCA Victor nos anos 70 ao lado de Lindomar Castilho, Carmen Silva, entre outros. O sucesso foi também internacional, tendo o gravado seis discos em espanhol para o mercado da América hispânica. Sua música “Lenita”, gravada em 1966 foi a primeira canção interpretada por um brasileiro a chegar no topo das paradas argentinas.

No início, ele usava roupas bem mais discretas e um topete bem anos 60. Com o passar dos anos e os sucessos vindo, começou a usar roupas que mais definiam o galã da “década explosiva”: cabelos longos; camisas coloridas, floridas e abertas; correntes e as famosas costeletas. Hoje, já sessentão, abandonou esse estilo e as geniais costeletas também.

Nilton César continua fazendo seus shows e se apresentando com regularidade, com suas antigas e famosas canções, não somente no Brasil como no Exterior. Embora viva hoje de outra profissão, sendo dono de um posto de gasolina.

Odair José

Não é apenas na música sertaneja que Goiás se destaca na música pupular brasileira, o iIntitulado na época como o “Bob Dylan da Central do Brasil”, “o cantor das putas, barangas e piranhas”, “o terror das empregadas” ou mesmo como o “cantor da pílula”, Odair José foi um dos maiores cantores dos anos 70. Talvez ninguém personificou o estilo musical brega de tal maneira como ele e de músicas tão emblemáticas no gênero. Nascido em Morrinhos- GO a 16 de agosto de 1948, de família humilde Odair logo veio ao Rio de Janeiro, iniciando-se como cantor de cabarés, boates e inferninhos. Essa aproximação com o mundo marginal teria grande influência em seus trabalhos posteriores.

Levado a gravadora CBS, inicia sua carreira artística em 1970 gravando compactos, já conseguindo dois anos depois o primeiro grande êxito: EU VOU TIRAR VOCÊ DESSE LUGAR, que causou furor entre os mais conservadores. A letra contava a história de um rapaz que se apaixonando por uma prostituta, a resolve tirar da zona do meretrício. Definiu a si próprio e seu estilo na música “Assim Sou Eu”: .“Uma pulseira de couro querendo ser novidade/Um cabelo tão grande/Alguém que o amor esqueceu/Assim sou eu”. Até hoje, ele continua com os longos cabelos, as camisas abertas e as correntes e pulseiras que sempre seduziram as milhões de fãs por todo território nacional.

A polêmica foi tamanha que Odair teve de mudar de gravadora, para a concorrente Polydor em que viveu sua fase de maior sucesso. Lançando em 1973 o disco “Odair José” foi o que mais vendeu da carreira do cantor com sucessos como “Deixa Essa Vergonha de Lado”, “Que Saudade de Você”, a romântica “Eu Você e A Praça” e o mega-sucesso polêmico “UMA VIDA SÓ (PARE DE TOMAR A PÍLULA)”. Censurada, a música consagrou o cantor entre as classes populares do Brasil, o transformando num ídolo de toda a sua geração. Nessa época, Odair José foi casado com a cantora Diana, mas o casamento foi extremamente conturbado, tendo terminado logo em seguida. Os anos 70 levaram o cantor outras vezes as paradas de sucesso em músicas como “A Noite Mais Linda do Mundo”, “Revista Proibida” e “Noites de Desejo”.

No momento consagrador de sua carreira, cantou no Phono 73 (evento da gravadora Philips) ao lado do tropicalista Caetano VelosoEm 1977, o cantor dá uma nova guinada em sua carreira, mudando de gravadora mais uma vez para a RCA Victor e gravando a ópera-rock “O Filho de José e Maria”, em que o cantor goiano simplesmente reconta a Bíblia e a história de Jesus Cristo por ele mesmo. O fracasso comercial foi imenso, o que levou o artista a voltar ao velho estilo romântico- cafona. Os anos 80 e 90 não foram dos melhores para ele e outros artistas de sua geração, que se viram afastados das paradas de sucesso e do mercado fonográfico nacional. Porém, de cinco anos pra cá, Odair começa a ser re-valorizado e volta freqüentar programas de TV e rádio, ganhando um disco tributo com novas versões de antigos sucessos seus. Os intérpretes são uma nova geração de artistas fãs dele como Zeca Baleiro, Pato Fu, Mundo Livre S/A, Paulo Miklos, entre outros. Em toda sua carreira, Odair vendeu cerca de quatro milhões de discos e se consagrou como um dos grandes nomes da canção cafona brasileira.