terça-feira, 13 de outubro de 2009

Wanderléa - Ternurinha do Rei

Ela está de disco novo e diferente, indicada ao Grammy Latino, mas vai continuar na seara que a tornou famosa em show hoje na capital. A cantora Wanderléa é a convidada a fechar hoje a programação do Flamboyant in Concert, onde já se apresentou há três anos, cantando só canções de Roberto.

Diferente dos outros shows do projeto, em que o artista se apresenta na praça interna do centro de compras, Wanderléa cantará num palco armado no estacionamento do shopping. Ela vem com a banda comandada pelo guitarrista e marido Lalo Califórnia e reprisará canções de Roberto Carlos, a maioria delas nunca gravadas pela cantora, apesar de ela ter sido parceira de primeira hora dos líderes da jovem guarda. A ideia é remeter o show às comemorações correntes do cinquentenário da carreira de Roberto Carlos.

Segunda a cantora, o pedido do show pela produção do shopping a levou a parar os projetos que vem tocando depois de um hiato de 18 anos sem gravar. No repertório, “a meia dúzia” de canções de Roberto e Erasmo Carlos que Wanderléa gravou ao longo da carreira (como Na Hora da Raiva, Canção de Enganar Coração, Prova de Fogo) e outras como Sentado à Beira do Caminho e Todos Estão Surdos, esta última uma das duas únicas faixas do Rei que ela registrou no novo disco Nova Estação (a outra é um sambinha matreiro inédito em disco da dupla Roberto e Erasmo dada originalmente a Nara Leão).

Lançado no final do ano passado pela Lua Music, o CD trouxe 13 faixas que fazem um memorial das influências que marcaram Wanderléa. Cantando em tons diferentes da velocidade e altura da jovem guarda, o CD revela ao público uma intérprete refinada, de boa colocação vocal e cantando um mosaico musical que vai da pré-bossa de Johny Alf ao jazz clássico (My Funny Valentine), passando pelo samba gingado de Luiz Melodia (Salve Linda Canção Sem Esperança, que tomou acento reggae), Chico Buarque (com a canção-blue Mil Perdões), o pop de Arnaldo Antunes (Se Tudo Pode Acontecer), um belo choro-canção de Martinho da Vila (Choro Chorão) e uma canção de Egberto Gismonti, Mais que a Paixão, título de um de seus discos mais requintados (e menos conhecidos), produzido pelo próprio Gismonti (em 1978).

Sem saudosismos
Bem costurado pelo produtor Lalo Califórnia, o disco ganhou boa unidade, apesar do esgarçamento do repertório. Bem recebido por crítica e público, o CD acabou rendendo à cantora uma indicação ao Grammy Latino na categoria Disco de MPB. “Tem sido um trabalho tão importante que até o meu repertório de jovem guarda hoje tem outra pegada, sem saudosismos”, disse Wanderléa em entrevista por telefone de sua residência em São Paulo.

Aos 63 anos, Wanderléa diz viver nova e inédita fase, com estúdio próprio e experimentando novidades. O disco novo já rendeu dois DVDs, o segundo deles em fase de finalização depois que foi registrado em show no Teatro Fecap, em São Paulo, com convidados. Um primeiro show que também vai virar DVD foi registrado no Ibirapuera.

Ela também vai aos Estados Unidos para a solenidade de premiação do Grammy, em novembro, na esperança de ver confirmado internacionalmente um talento que sua cidade e seus pares demoraram a reconhecer. “Só há dois anos fui reconhecida na minha cidade, Governador Valadares (MG). Me chamaram lá e me deram a chave simbólica da cidade”, disse na entrevista em que falou da importância da jovem guarda para as novas gerações do rock nacional, o surgimento do sertanejo-pop como sucesso de massas, espaço outrora ocupado pelos artistas da jovem guarda. Ela também desanca o Clube da Esquina, movimento musical que teve o público “mais metido a besta”.

Na nova fase da carreira, a cantora revela ainda que sofre com a surrupiada de seu do domínio de internet por uma cabeleireira radicada em Miami (EUA). “Preciso resolver isso para facilitar aos meus fãs o acesso à minha obra”. Sem aceitar a venda do wanderlea.com oferecida pela cabeleireira, terá de recorrer à Justiça.

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